Quando falamos em transtorno do espectro autista, muitas pessoas já associam isso ao hiperfoco. De fato, essa pode ser uma das características de indivíduos com autismo.
Mas você sabe porque isso acontece? É o que quero explicar no texto de hoje.
Então, se você sempre teve curiosidade para entender o hiperfoco e até mesmo identificar o que é um, fique nessa leitura até o final.
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O que é o hiperfoco
Antes de mais nada, deixa eu explicar para você o que é o hiperfoco.
Nesse sentido, o hiperfoco é um estado de alta concentração em uma atividade ou assunto de maneira específica. É um foco tão intenso que pode, por vezes, tirar o interesse em outras coisas.
Se você já assistiu à série Atypical, que indiquei aqui no blog outras vezes, vai lembrar que o personagem principal, que é autista, tem hiperfoco em pinguins.
Ou seja, ele sabe tudo sobre aquele assunto, nos mínimos detalhes, vivendo aquilo intensamente, nas suas roupas, atividades de lazer, decoração do quarto, etc.
O intenso interesse em algo, garante a atenção da pessoa naquilo e é isso que geralmente se concebe como Hiperfoco. Inclusive, existem pessoas com autismo que possuem altas habilidades em determinadas áreas, porque são os seus interesses ou “hiperfocos”.
Como identificar
De maneira geral, em crianças o hiperfoco acaba sendo mais fácil de identificar, pois desde pequeno é possível notar um interesse por coisas específicas.
Então, uma criança que só gosta de brincar com um determinado brinquedo, ou passa horas falando sobre o mesmo assunto, pode ser sim um sinal de hiperfoco.
Esse hiperfoco pode ser momentâneo, mas a tendência é que ele dure por um certo período. Há quem leve isso para o resto da vida e inclusive faça disso sua profissão, já que há um interesse intenso no estudo daquele assunto.
Ah, importante dizer que apesar de ser bastante associado ao autismo, o hiperfoco também pode acontecer com quem tem TDAH ou algum outro transtorno e até mesmo desvinculado de transtornos.
O principal ponto aqui é que se você perceber esse hiperfoco, não se assuste ou queira o entender como um sinal de rigidez. “Jogue o jogo dele”.
O hiperfoco pode ser o que irá estabelecer uma grande conexão entre você e seu aluno e que poderá ensiná-lo diversas coisas.
Porque o hiperfoco acontece
Não existe uma causa específica do porquê isso acontece.
Porém, de maneira geral isso acontece em transtornos com características neuro divergentes. A dificuldade de concentração do TDAH, por exemplo, pode resultar num foco muito intenso em períodos específicos, já que isso não é controlado. E porque em períodos específicos? Porque a nossa motivação varia ao longo das horas.
No autismo, a dificuldade ou a baixa motivação para as interações sociais pode levar ao reforço desse hiperfoco.
Impactos do hiperfoco

Certamente, o hiperfoco possui seu lado positivo e negativo.
No lado positivo, esse alto foco em uma determinada área pode levar ao desenvolvimento de uma habilidade, conforme falei antes.
Então, há quem consiga fazer disso sua profissão, objeto de estudos, e daí saírem grandes profissionais que souberam usar a seu favor essa característica.
Porém, mesmo assim é super importante que haja o acompanhamento, para evitar que ele comece a trazer problemas, como vou explicar a seguir.
Bom, no lado negativo o hiperfoco pode trazer desafios principalmente para conseguir fazer outras tarefas.
Dessa forma, é comum a procrastinação para começar algo que não é o do seu interesse, entrega de tarefas, equilíbrio com outras áreas da sua vida.
É bem comum de acontecer de o foco ser tão grande que todo o resto é esquecido, como a vida social, o cuidado com a saúde, tudo em virtude da alta concentração.
Formas de tratar
Assim, como você acabou de ver, mesmo que o hiperfoco possa trazer coisas boas, é importante que haja o acompanhamento para que exista um equilíbrio completo.
Nesse sentido, a terapia comportamental é quem faz um papel muito importante, para trabalhar com essas questões.
É preciso criar estratégias de manejo do foco, para gerenciar o tempo gasto com ele.
Ter uma rotina organizada também é muito importante nesses casos, até para poder implementar tempos específicos para cada tarefa.
É importante que os responsáveis consigam realizar, em casa, os manejos comportamentais orientados, com vistas a aumentar o repertório de interesses da criança, estabelecer escolhas e outras estratégias.
O hiperfoco em algo também pode ser produto de um repertório baixo de interesses.
Por isso não se desespere se você notar esse comportamento no seu filho ou filha.
Busque orientação correta, pois com certeza um especialista saberá indicar qual a intervenção mais adequada e também como usar esse hiperfoco de forma favorável.
Em crianças, quanto antes intervir, melhor. Mas mesmo que você seja adulto e identifique esse hiperfoco, também é interessante buscar um acompanhamento especializado, pois pode ter alguma dificuldade em gerir isso.
Entre em contato conosco e agende uma avaliação.
Meiriane Azeredo – CRP RS 07/26129